Aprenda definitivamente como definir a prioridade dos seus alarmes
Descubra de vez como fazer a priorização de alarmes da sua indústria e aumente a credibilidade do seu sistema de alarmes.
Imagine você no tempo de universidade, final de semestre, com duas provas no mesmo dia e apenas um dia para estudar. Uma você já estava praticamente aprovado enquanto outra precisaria de uma nota alta para não ser reprovado. Então, qual seria sua prioridade?
Daremos o nosso máximo para não reprovar, não é verdade? Se tratarmos de alarmes industriais, a priorização de alarmes não é diferente. Como não podemos dar conta de tudo ao mesmo tempo, é comum atribuirmos prioridades nas nossas vidas.
Agora imagine dois alarmes de uma indústria sinalizando ao mesmo tempo. Enquanto um causa uma perda financeira de R$ 100,00/minuto, o outro causa uma perda de R$ 1000,00/minuto e ainda corre o risco de danificar o equipamento. Qual deverá ter então maior prioridade?
Logicamente queremos evitar o pior cenário possível primeiro. Mas, quando levamos em consideração escalas industriais que trabalham com milhares de alarmes, fica praticamente impossível de gerenciar e evitar que dois ou mais alarmes coincidam.
É muito comum as indústrias não possuírem uma priorização bem definida e levando a muitas perdas. Sendo assim, esse artigo visa auxiliar na definição de uma priorização de alarmes com base na norma/guia EEMUA 191.
Como esse é um assunto mais aprofundado, se você é novo nesse tema, sugerimos primeiramente a leitura base sobre alarmes industriais.
Nesse artigo nós iremos discutir então sobre os seguintes pontos da priorização de alarmes:
- Severidade das consequências;
- Tempo de resposta disponível;
- Distribuição prioritária dos alarmes;
- Priorização de alarmes relacionados à segurança;
- Métodos para definir a prioridade dos alarmes;
- Manutenção de registros.
Severidade das consequências na priorização de alarmes
Um dos fatores que a priorização de alarmes depende é da severidade das consequências. A severidade representa o quão negativa é determinada consequência, portanto quanto pior for a consequência, maior será a severidade.
O exemplo acima das diferentes perdas financeiras causado por dois alarmes distintos ao mesmo tempo, comprova isso. Portanto:
A priorização de um alarme deve ser baseada na consequência esperada que o operador pode prevenir por responder apropriadamente à ela.
Ao avaliar a gravidade da consequência esperada, deve-se levar em conta outros sistemas que atuem para atenuar o risco no caso de operador não responder. Por exemplo:
- Alarme pré-trip: Quando o operador falha em responder corretamente ao distúrbio, uma proteção automática atua para evitar um evento perigoso. Entretanto, caso a proteção automática também falhe, a consequência estimada é de 5 feridos;
- Alarme de aviso final: É muito raro de ocorrer, porque diversos sistemas precisam falhar ao mesmo tempo. Mas, quando ocorre tem perigo imediato e é de fato o aviso final. Dessa forma, se o operador não fizer nada a consequência esperada é de 2 feridos.
Como as consequências devem ser consideradas independentemente de algum sistema falhar, o alarme de aviso final deve ser o de maior prioridade. Pois, se não tiver nenhum ação corretiva para ele, ocorrerá imediatamente o ferimento de duas pessoas.
Enquanto isso, apesar do alarme pré-trip poder resultar em 5 feridos, essa consequência depende da falha do sistema automático de proteção. Portanto, a consequência esperada é de que não tenha feridos, visto que a falha do alarme pré-trip ativa o sistema automático.
Tempo de resposta disponível dentro da priorização de alarmes
Além da severidade da consequência, outro fator para determinar a prioridade de um alarme é o tempo de resposta disponível. Ou seja, o tempo que o operador tem para realizar a ação corretiva necessária para evitar a consequência.
Por exemplo, pense em dois alarmes com severidade similar, mas um precisa de ação mais rápida para prevenir a consequência que o outro. A maior prioridade deve ser então do alarme que exige a ação mais rápida, logo possui o menor tempo de resposta disponível.
Na prática, em situações de sobrecarga de alarmes existem alarmes que são ignorados por alguns minutos, pois o operador não consegue dar conta de todos. Assim, a priorização deve garantir que os primeiros alarmes a serem tratados são o de maior consequência.
Distribuição prioritária dos alarmes
Sabemos que a priorização de alarmes depende da severidade e do tempo de resposta disponível, entretanto, é muito comum encontrar outro problema. E quando no processo de definição nós acreditamos que tudo é de alta prioridade?
A fim de solucionar issso, a EEMUA 191 apresenta duas tabelas para nortear a melhor forma de distribuição das prioridades.
Uma apresenta como deve ser feita a distribuição na hora de projetar o sistema de alarmes. Já a outra, a taxa máxima de ocorrência de alarmes para cada tipo de prioridade. A distribuição recomendada segue a tabela abaixo:
Tabela de distribuição de prioridade
Prioridade | Alarmes configurados durante o projeto do sistema |
---|---|
Crítica | Por volta de 20 ao todo |
Alta | 5% do total |
Média | 15% do total |
Baixa | 80% do total |
Conforme pode ser observado na tabela, quanto maior a prioridade do alarme, menor deve ser a quantidade daquele tipo. Uma boa distribuição evita que sejam causadas confusões por acreditar que tudo é de prioridade alta.
A tabela da taxa de ocorrência máxima de alarmes de diferentes prioridades segue a ideia abaixo:
Tabela de taxa de ocorrência máxima
Prioridade | Taxa máxima de ocorrência |
---|---|
Crítica | Extremamente raro |
Alta | Menos de 5 por turno |
Média | menos de 2 por hora |
Baixa | menos de 10 por hora |
Semelhantemente, a segunda tabela segue o raciocínio da tabela anterior. Assim, espera-se que a taxa máxima de ocorrência dos alarmes seja menor quanto maior for sua prioridade. Contudo, é muito difícil conseguir acertar a taxa de ocorrência dos alarmes na fase de planejamento.
Por isso, é recomendado que após os alarmes serem configurados de acordo com a tabela de distribuição, tenha um acompanhamento da performance seguindo a tabela de taxa de ocorrência máxima.
A ideia é que a priorização de alarmes seja constantemente revisada e ajustada até atingir uma performance similar a da tabela da taxa de ocorrência máxima.
É importante então garantir que essa atividade de priorização de alarmes só seja realizada após certificar que todos os alarmes devem ser alarmes, que todos os alarmes incômodos foram eliminados e que a taxa média de alarmes foi reduzida para um nível aceitável.
Essa certificação é uma das etapas do gerenciamento de alarmes, denominada racionalização de alarmes. Você pode ler um pouco mais sobre esse processo de gerenciamento aqui ou baixar o nosso ebook gratuito.
Priorização de alarmes relacionados à segurança
Agora com a prioridade de todos os alarmes definidas, ainda existe uma classificação à parte para definir os que são relacionados à segurança. Por exemplo, vamos levar em consideração o mesmo exemplo do alarme pré-trip e de aviso final citado anteriormente.
No exemplo, o de aviso final causa danos imediatos, enquanto que o pré-trip que ativa um sistema automático de proteção. Por isso, o de aviso final deve ser considerado um alarme relacionado à segurança e portanto com a maior prioridade do sistema de controle.
Dessa forma, a conclusão geral é:
Apenas alarmes que são implementados como de maior prioridade no sistema de controle devem ser considerados como candidatos para serem alarmes relacionados à segurança.
Métodos para definir a prioridade dos alarmes
Depois de compreender os fatores que influenciam na prioridade e como eles devem ser distribuídos, ainda existem métodos que auxiliam nessa definição.
Qual é o limiar de fato entre prioridade baixa, média, alta e crítica? Os seguintes métodos que serão apresentados mostram formas de como definir. Deve-se então encontrar o método de priorização de alarmes que encaixe melhor na sua indústria.
Os métodos mais conhecidos são o de somatório das consequências e o da consequência máxima.
O método do somatório das consequências segue um raciocínio em que cada indústria deve definir a melhor maneira de calcular os riscos de cada consequência para cada categoria (segurança, ambiental e financeiro), a partir de critérios próprios.
Por fim, compara-se a soma total dos riscos nas três categorias (segurança, ambiental e financeiro) com valores pré-estabelecidos pela própria indústria, de prioridade baixa, média, alta ou crítica. Assim, 0 valor que a soma se encaixar determinará a prioridade.
Como o método da consequência máxima é o mais utilizado, decidimos então explicar mais detalhadamente para vocês entenderem e terem uma noção de como pode ser aplicado na sua indústria.
Escolhendo a consequência máxima
As consequências são definidas em três categorias: segurança, ambiental e financeira. Cada uma tem sua prioridade dividida, de acordo com a severidade, em baixa, média, alta e crítica. Através disso, a maior prioridade das três categorias será a prioridade final.
O seguinte diagrama apresenta essa ideia de forma visual.
Você deve estar se dizendo agora “Ok, e como eu faço para definir em prioridade baixa, média, alta e crítica para cada severidade?”. O guia da EEMUA 191 pensou no seu problema e apresenta três tabelas, uma para cada categoria. As tabelas seguem abaixo:
1- Consequência de segurança esperada
Tamanho da Consequência | Medida Heurística |
---|---|
Pequeno | Risco insignificante de falha na resposta ao alarme resultando em uma situação susceptível de causar um ferimento |
Médio | Possibilidade remota de ferimento |
Grande | Potencial situação perigosa com alguma possibilidade de colocar pessoas em risco de ferimento |
Muito Grande | Situação perigosa com chances reais de ferimento ou morte |
2- Consequência ambiental esperada
Tamanho da Consequência | Medida Heurística |
---|---|
Pequeno | Risco insignificante de falha na resposta ao alarme resultando em qualquer violação dos limites ambientais |
Médio | Possibilidade remota de violação dos limites ambientais |
Grande | Situação com alguma possibilidade de violação dos limites ambientais |
Muito Grande | Situação com potencial real de violação grave dos limites ambientais |
3- Consequência financeira esperada
Tamanho da Consequência | Medida Heurística |
---|---|
Pequeno | Sem probabilidade imediata de danos à planta, mas a possibilidade disso aumentou. Perda menor de produtividade ou eficiência |
Médio | Alguma chance de dano menor na planta. Redução significativa na saída da planta (Exemplo: 10% de redução/hora) |
Grande | Chance alta de dano menor ou chance pequena de dano grave na planta. Perda significativa de produção (Exemplo: perda total de saída da planta durante uma hora) |
Muito Grande | Chance alta de dano grave na planta. Perda grave e prolongada da saída (Exemplo: Perda da saída total da planta por um dia inteiro) |
Manutenção de registros
Por fim, quando uma priorização de alarmes é realizada, um registro deve ser arquivado sobre como o processo foi feito. É recomendado então que se crie um formulário para fazer esse registro com as seguintes informações:
- Referência às regras de priorização usadas;
- Identificação/Descrição do alarme;
- Descrição da resposta definida para o alarme;
- Descrição verbal das consequências esperadas de segurança, ambiental e econômica caso a resposta apropriada para o alarme não é feita;
- Medidas das consequências esperadas de segurança, ambiental e econômica;
- Medida da criticidade do tempo;
- Prioridades alocadas;
- Nome da pessoa que fez as alocações;
- Data de quando foi feita a alocação;
- Registro de qualquer revisão independente da alocação;
- Registro de modificação de aprovação/implementação;
Conclusão
Ao final desse artigo, aprendemos um pouco mais sobre os critérios que são levados em consideração na priorização de alarmes, a melhor maneira de distribuição e métodos para priorizar.
Acreditamos que você possui agora o conhecimento necessário para diagnosticar sua própria indústria e observar possíveis pontos de melhoria. Pode até criar sua própria regra de priorização!
Se você quer aprender ainda mais, acesse o nosso ebook. O Guia Completo de Gerenciamento de Alarmes te apresentará uma visão de todo o processo e como ele pode transformar a sua indústria.
Caso ainda tenha alguma dúvida, quer entender melhor como aplicar na sua indústria ou mandar sugestões de conteúdo, ficarei muito feliz em conversar com vocês pelo matheus.romano@logiquesistemas.com.br.
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